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sábado, 9 de junho de 2007

Olá!
Fazia "muito tempo" que não escrevia uma mensagem coletiva a vocês (ando tão mentiroso ultimamente! risos). Por isso, meus amigos, resolvi contemplá-los com algumas novidades, já que tantos andam dizendo por aí que estou tão sumido que seria mais fácil encontrar um mico-leão saltitando nos galhos das árvores da Praça Buenos Aires do que me vir pessoalmente. E como muitos de meus amigos moram a milhares de quilômetros longe da minha casa, resolvi poupá-los desta viagem e colocá-los em dia com os últimos acontecimentos de minha jubilosa existência...
Muitos de vocês já devem saber que ando às voltas com alguns problemas de saúde. Nada de susto, por favor. É uma coisinha simples, mas que faz muito estrago ao fim de tudo. Tanto que cheguei a ser levado ao pronto-socorro porque o bendito estômago não estava funcionando... Tudo começou com uma pequena indisposição, que foi aumentando com o tempo. Tive a sensação de que eu era um avestruz que tinha acabado de engolir uma bola de tênis e a bendita não subia e nem descia, como um elevador que fica sem energia e resolve estacionar entre o oitavo e nono andar.
Não queira imaginar o terror que se apodera de um infeliz que parece ter engasgado com uma azeitona. Ai, meu Deus, e eu que pensava ter superado há anos essa relação mal resolvida com a gastrite.
Resultado: consulta médica, exames, etc... Pela terceira vez na minha vida fiz endoscopia. Nada como estar em SP nesta hora. Tudo limpinho, higiênico e rápido no laboratório... Minha penúltima experiência deste tipo de exame havia sido traumática. Foi em Caratinga-MG. A anestesia não fez efeito. Até hoje eu suspeito que eles (por economia ou sadismo) não aplicaram coisa nenhuma e eu tive que engolir aquela mangueira na raça!! Eu lacrimejava mais do que a Santa Mônica (que dizem ter chorado anos a fio pela conversão de seu filho santo Agostinho) e sem poder emitir sequer um gemido. Nunca em toda a sua vida (Deus queira!) você tenha que fazer uma endoscopia em Caratinga. A não ser que seu espírito de aventura seja enorme, tão grande quanto a vocação ao martírio. Meus amigos caratinguenses que me perdoem, amo aquela cidade, mas jurei como a Scarlet O'hara (no filme "E o vento levou") nunca mais passar fome...digo, nunca mais voltar a abrir a boca para fazer endoscopia em Caratinga.
Mas voltando ao resultado dos exames, o parasitolólogico (aquele que a gente tem vergonha de fazer) deu negativo. Ainda bem porque, se eu tivesse que repetir a mesma ginástica que fiz para a coleta do material e ainda por cima encarar o sorrisinho amarelo da atendente quando eu entreguei o frasco envolto em milhões de saquinhos plásticos (confesso: tive nojo), eu preferiria alimentar esta bactéria até ter uma colônia delas que fosse suficiente para fazer três litros de iogurte (será que bactérias também fazem iogurte?).
Pois então, a endoscopia acusou algumas coisas:
1. Tenho uma úlcera cicatrizada ( até hoje nenhum médico teve a coragem de me dizer isso claramente, que eu tive úlcera. Diziam que era isso ou aquilo, muitas vezes usando eufemismos. Gostei desse médico. Disse na lata: "Você teve uma úlcera, mas está cicatrizada". (ótimo!)
2.Não tenho hérnia de hiato (nem sei o que isso significa).
3.Mas estou com o estômago inflamado em virtude da presença de uma bactéria.
Quer dizer que estou como um computador com vírus?
"É só tomar o remédio certo que tudo vai melhorar", garantiu-me o médico (que se chama Thomas Dan Schaffa e por isso me lembrou o Frei Schaffa, antigo pároco do Valongo).
Saí do consultório feliz da vida por ter descoberto que estou com uma bactéria no estômago. Puxa, melhor morrer sabendo do que se sofre do que morrer ignorante e derrotado por um inimigo desconhecido.
Tenho também um motivo a mais para estar alegre: Eu não sofro do coração. Isso mesmo! Meu coração está ótimo... porque se eu sofresse do coração tinha morrido de infarto na farmácia no exato momento em que o farmacêutico me disse o preço do remédio: R$ 162,86!!
Então é assim? A gente cura do estômago e entra em depressão por conta do preço dos remédios? Cura a úlcera e ganha dor-de-cabeça porque não sabe como vai pagar a farmácia??? Olha, quase que eu pergunto pro vendedor: "- Dá prá abrir um crediário? Não tem nenhum servicinho que eu possa fazer aqui para diminuir a facada?"
Acho que vou começar a seguir o conselho das senhoras da paróquia "Toma carqueja! Toma boldo! Toma suco de couve! Espinheira santa é uma beleza!" Pode até nem fazer efeito, mas pelo menos a gente não corre o risco de penhorar o conopeu da paróquia...

Hoje fui fazer uma celebração ecumência no Rotary. Eu me senti tão sem chão... As coordenadoras deixaram bem claro que se tratava de uma celebração ecumênica: haviam católicos, evangélicos, judeus, espíritas... Quase que eu perguntei se podia falar de Deus. Fiz de tudo para não falar em Jesus Cristo, a fim de não criar constragimentos. Depois de mim veio o pastor presbiteriano e "lascou" Jesus em todo mundo. Eu tive vontade de bater nele! Depois de todo sacrifício que eu tinha feito para não ser específico demais ou parecer parcial, querendo puxar a brasa para minha sardinha, deu a impressão de que eu era superficial .
O rabino não veio, dizem as más línguas que o cachê era alto demais (brincadeira).
Desde sábado passado estou trabalhando num lugar muito interessante. Chama-se "Arsenal da Esperança". É uma casa de acolhida aos moradores de rua. Você não imagina a minha alegria de poder ajudar neste serviço. Sabe, eu pego o metrô e vou a pé um pequeno trecho que dá medo. Mas fui tão bem acolhido pelos internos e pela coordenação do lugar... Por favor reze para que tudo dê certo. Seria tão bom que eu me adaptasse por lá. Agradeço a Deus por trabalhar na paróquia Santa Teresinha, mas uma oportunidade, como esta, de celebrar com moradores de rua, pessoas simples e pobres creio que é, para mim, uma experiência muito rica. É como ampliar horizontes, aprender a servir mais... mudar de linguagem, de referências, valores... Dá uma conferida:
www.arsenaldaesperanca.org.br/

Eu queria tanto ser um padre bom... Ainda falta muito. Tenho vergonha de minha mesquinhez. Mas Deus há de me ouvir de tanto eu repetir. Beijão prá todos.
Hideo

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